2.09.2012

Esclarecimento sobre a utilização do Plasma nacional

Face à informação que tem circulado persistentemente e que tem gerado alguma confusão na opinião pública, fomentada pela divulgação de dados parcelares que perpetuam inverdades, o Instituto Português do Sangue, IP esclarece que não destrói o sangue que é dado benevolamente em Portugal.

Em 2011, foram colhidas cerca de 385 mil unidades de Sangue em Portugal. Do processamento a que são submetidas as unidades colhidas pelo IPS, os concentrados de eritrócitos (glóbulos vermelhos) e de plaquetas, que cumprem os requisitos de qualidade e segurança definidos (clínica e laboratorialmente), foram fornecidos aos Hospitais. Foram ainda fornecidas em 2011 cerca de 5 mil unidades de plasma, por pedido dos hospitais. Atualmente dispomos de cerca de 30 mil unidades de plasma congeladas e conservadas a 40 graus negativos.

A construção de um espaço próprio para armazenamento do plasma – “câmaras de frio” a 40 graus negativos - foi possível com o recurso ao apoio da União Europeia, tendo este projeto na sua génese o objetivo da utilização total do plasma nacional.

No entanto, a implementação deste projeto acabou por ser protelada pelo aparecimento no Reino Unido de casos de variante humana da doença das vacas loucas (doença de Creutzfeld – Jacob, causada pela transmissão através da ingestão de carne de animais doentes) e a existência de dúvidas relativamente à possibilidade de transmissão da mesma pelo sangue, o que levou a que fossem adotadas medidas adicionais de segurança do sangue, nomeadamente através da desleucocitação (remoção dos leucócitos ou glóbulos brancos) dos componentes sanguíneos, desde 1998 e da implementação do critério de inibição para a dádiva de sangue de todas as pessoas que foram transfundidas depois dos anos 80, altura em que a doença bovina estava sem controlo. À data não era conhecido o tempo que poderia decorrer para a manifestação da doença nos humanos.

Em 1997 havia sido lançado concurso público para inativação viral do plasma para uso clínico que ficou prejudicado pelo que acima se relata. Em 2009 foi de novo lançado concurso público internacional, para o fracionamento industrial do plasma excedentário e distribuição dos derivados do plasma. Esse concurso, foi alvo de impugnação, não tendo tido efeitos.

Encontram-se atualmente em fase de análise as condições técnicas para a operacionalização necessárias para um adequado armazenamento do plasma português, nomeadamente para o transporte das unidades de plasma de outras regiões nas condições de qualidade e segurança requeridas.

O IPS, IP tem por missão regular, a nível nacional, a atividade da medicina transfusional e garantir a disponibilidade e acessibilidade de sangue e componentes sanguíneos de qualidade, seguros e eficazes, e é nesse sentido que todos os dias trabalhamos, sendo internacionalmente reconhecida a qualidade dos serviços prestados em Portugal nesta área da medicina.

Reafirmamos que o sangue não é destruído. Isso apenas se aplica a uma parte dos seus componentes, o plasma, que não é utilizado na sua totalidade. Contudo, nenhum doente que necessite de receber plasma humano deixa de ser tratado com esse componente do sangue.

Só com cidadãos corretamente informados sobre a dádiva de sangue é possível manter a autossuficiência do país em matéria de componentes sanguíneos que todos os dias salvam a vida dos doentes. A concretização deste objetivo resulta do empenhamento de muitos na promoção da dádiva benévola de sangue, organizações de Dadores de Sangue, Instituições públicas e privadas, mas, assenta sobretudo na elevada consciência cívica do cidadão individual, que, sendo saudável se dispõe a doar o seu sangue, garantindo dessa forma que todos os doentes sem exceção tenham acesso aos componentes sanguíneos sempre que deles necessitam.

Em nome dos doentes agradecemos a vossa dádiva de sangue, pois este gesto de solidariedade porque não tem preço, não se vende, nem se compra.

Dar sangue salva vidas.

Comunicado do Conselho Diretivo do Instituto Português do Sangue, IP

Site: www.ipsangue.org

Dia 9 de Fevereiro de 2012

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