8.27.2012

Reportagem no Diário de Notícias: Campanhas conseguem 4800 novos Dadores de Sangue


Reportagem no DN: Campanhas conseguem 4800 novos Dadores de Sangue

Li e voltei a ler a reportagem que o Diário de Notícias (DN) divulgou no pretérito dia 24 de Agosto, preenchendo as páginas 4 e 5 cujo título podia ser outro para além do que consta em epígrafe.
Antes de avançar com algumas considerações, é da mais elementar justiça expressar por este meio os meus parabéns à Jornalista Ana Maia, pela forma como construiu do ponto de vista pedagógico a extensa reportagem, elucidando assim os leitores deste prestigiado órgão de comunicação, de qual fui leitor dezenas de anos.
Mais 4800 dadores de sangue conquistados entre o dia 4 de Julho a 4 de Agosto, na opinião do Dr. Hélder Trindade são como uma cereja em cima do bolo da noiva: todos a querem comer, aliás, mais do isso, é ouro.
Adiante diz que “é fruto das últimas campanhas e do alerta lançado há alguns meses, quando as reservas de sangue desceram a mínimos perigosos”. Face a esta declaração é caso para perguntar: quem promoveu as campanhas e onde decorreram?
Quem desenvolveu as campanhas de rua? É fruto dos contactos do call center ou do novo site que em termos de qualidade deixa muito a desejar? O Dr. Hélder aproveitou a reportagem para enviar um agradecimento a todos quantos ajudaram no aumento de dádivas versus dadores de sangue. Não lhe fica mal este gesto de reconhecimento público. Contudo, ficamos sem saber quem participou ou promoveu as referidas campanhas de norte a sul. Como vem sendo habitual, muitos trabalham para uns poucos colherem os frutos. É típico assim acontecer neste País.
No âmbito das suas declarações, avança com mais uma novidade (?), entre tantas outras desde que lhe foi conferida a tomada de posse na qualidade de Presidente do Conselho Directivo do IPST, motivando alguma perplexidade, pois “todos os dadores, sobretudo os mais antigos, estão a ser contactos por telefone.” Podemos saber o que lhes está sendo dito? Vai informá-los que não foi reposta a isenção das taxas moderadoras mediante a aprovação do Estatuto do Dador, mas, que o IPST sente a sua falta?
Em abono da verdade devo informar que fico satisfeito, por saber que a reserva global anda sempre na ordem das oito mil unidades. Não lhe fica mal reconhecer que na mesma data do ano transacto, existiam mais três mil unidades de sangue. A que se deve esta diferença? Que causas são apontadas?
É verdade que em Fevereiro do ano em curso, o ministro da saúde e não só, alertou através da comunicação social para a preocupante falta de sangue e por força dessa angustiante necessidade apelou à boa vontade dos dadores. Ao contrário do que é afirmado na reportagem em causa, a resposta ficou muito aquém do que era esperado. Todos sabemos que se tratou de um apelo com reflexos de desespero pelos danos causados pela retirada da isenção das taxas moderadoras ao abrigo do Decreto-Lei nº. 113/2011 de 29 de Novembro.
Fico perplexo pelo facto do Dr. Hélder Trindade reconhecer na dita reportagem que “as pessoas estão desmotivadas”, mas, já não posso concordar com as causas que a seguir aponta. As causas que motivaram o distanciamento dos dadores dos locais das dádivas, não estão relacionadas com o aumento dos combustíveis, ou com o trabalho dito precário, aliás, o Dr. Hélder Trindade sabe disso, mas, insiste nestes factores porque é uma forma de se desviar da principal substância. Estamos perante uma postura politica.
Por sua vez o ministério da saúde teima em fazer dos dadores estúpidos. Se a dádiva é generosa, logo considera a questão da perda da isenção das taxas moderadoras nos hospitais como uma falsa questão, aliás, a entrevista à TVI foi bem clara sobre este assunto, deixou de ser assunto. Se assim é, como se explica a existência da divida dos hospitais púbicos ao IPST no valor o valor de 45.635.600€ até 31.12.2011, sem incluir a dos serviços hospitalares privados?
É facto que, ninguém é coagido a doar sangue, pois os propósitos que o motivam a cada um diz respeito. Cada cidadão deve proceder tendo em vista o fim social (solidário) da vida pessoal e o fim pessoal da vida social. O solidarismo assim compreendido tem por fim, como a justiça social, o bem comum, com o pensamento centrado em que dele necessita.
O DN prestou sem dúvida um excelente serviço ao IPST, às associações de dadores de sangue nem por isso, entendeu que não devia contactar com nenhuma delas. A reportagem em causa desagradou-nos imenso, fazendo crer que, o IPST foi a única entidade que desenvolveu as Campanhas de Sensibilização para a Dádiva de Sangue. Nem sequer uma associação de dadores foi contactada, todas preteridas, limitando-se a recolher o testemunho de uns quantos dadores num local de colheita.
A Associação de Dadores de Sangue do Concelho de Aveiro (ADASCA), desenvolveu duas campanhas a saber: a primeira durante uma semana junto ao Fórum de Aveiro, com recurso a uma Unidade Móvel onde foram realizadas colheitas de sangue, a segunda junto da estação velha da CP de Aveiro, com inicio no dia 11 de Agosto, prolongando-se até ao dia 17 do mesmo mês. É verdade que não estamos em Lisboa, pelo que não merecemos mais do isto.
Esta forma de fazer jornalismo não serve. Admiro o DN ter cometido um erro jornalístico com esta dimensão. Será que não há mais vida para além do IPST? Para que servem afim as associações de dadores de sangue? Tinha o DN como um órgão de comunicação de âmbito nacional de referência, comprando-o sempre para os dadores lerem no decorrer das colheitas no Posto Fixo, vou deixar de o adquirir.
Já a RTP através do programa Sociedade Civil no Canal 2, cometeu semelhante erro no Dia Mundial do Dador de Sangue. Nós damos os ouvidos e cara junto dos dadores descontentes e da comunidade, enquanto aqueles senhores ficam confinados aos gabinetes, não somos tidos nem achados. Os solidários somos nós, apesar dos sacrifícios pessoais e financeiros.
Esta é a consideração que merecemos? Tomo a liberdade de convidar o DN a fazer cobertura jornalística à 2ª. Convenção Nacional de Dadores de Sangue, que vai decorrer no dia 22 de Setembro em Viana do Castelo, e ai ouvir o que as associações têm a dizer não só sobre as taxas moderadoras, como ainda sobre outros assuntos que nos preocupam imenso.

Joaquim Carlos
Presidente da Direcção da ADASCA
Site: www.adasca.pt
Blog: aveiro123-portaaberta.blogspot.com
Aveiro, 27 de Agosto de 2012

NB: Vídeo alusivo à Campanha de Sensibilização para a Dádiva de Sangue promovida pela ADASCA. http://videos.sapo.pt/mMzgqY7YgjD2Rp3fSltQ
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