12.21.2014

Imagens da zona habitacional da Forca em Aveiro (2)

Imagens da zona habitacional da Forca em Aveiro (2)


"Fotografar é recortar um determinado espaço em uma específica fracção de tempo. Os grandes fotógrafos são aqueles que conseguem ultrapassar essas limitações, fazendo com que essa determinada imagem transcenda molduras e retenha o tempo em seu momento mais preciso." (desconheço o autor)



A cultura em si pode ser classificada como uma relação complexa entre a sociedade, o individuo e as relações humanas. Weber dizia que o homem é um animal amarrado em teias de significados que ele mesmo teceu, a cultura é um exemplo de teia criada pelo homem, ele mesmo criou e é rodeado por ela.

Para Marcuse, a dominação funciona como administração total das necessidades e prazeres, escravizando o homem no trabalho e no lazer, preenchendo o tempo livre dos indivíduos com programações dirigidas, fabricando uma humanidade apta a consumir objectos inúteis, cuja obsolescência fora desejada.  (apud, NAZÀRIO, 1998, p.84).

A sociedade contemporânea, diluída e efémera, constrói padrões de aceitabilidade social que conflitam com o perfil almejado por muitos indivíduos. Comentando sobre a cultura do consumo, as pessoas gastam dinheiro que não possuem, para comprar coisas que não necessitam, para impressionar pessoas que não conhecem. 


“Em plena cultura do individualismo, da independência pessoal e da liberdade (como valores dominantes), vive-se uma espécie de mais-alienação, de rendição absoluta ao brilho não exactamente dos objectos, mas da imagem dos objectos. Mais ainda: rendição ao brilho da imagem de algumas personagens públicas identificadas ao gozo que os objectos deveriam proporcionar” (BUCCI & KEHL, 2004, p. 65).

“... a crença na independência radical do ser individual em relação ao todo nada mais é do que uma aparência. A própria forma do indivíduo é a forma de uma sociedade que se mantém viva em virtude do mercado livre, no qual se encontram sujeitos económicos livres e independentes.” (HORKHEIMER & ADORNO, 1973, p. 53)

Vivemos uma época em que tudo gira em torno da imagem. Segundo Bucci; Kehl (2004), os mitos, hoje, são muito olhados. “São pura videologia” (p.16). Está sempre atendendo aos interesses do poder, mas segundo os autores, este poder não é bem o poder político, como imaginamos, nem o poder de um grupo. O poder, segundo Debord, citado pelos autores, “é a supremacia do espectáculo - a nova forma de modo de produção capitalista - sobre todas as actividades humanas” (p.20). Enfatizam que o capitalismo contemporâneo é um modo de produção de imagens. Que no século XIX o objectivo era desmascarar o carácter burguês do estado, mas, no século XXI, devemos compreender e decifrar os mecanismos pelos quais a política, a religião, a ciência, a cultura e as formas de representação que convergem para a imagem, só circulam e adquirem existência como imagem, que a tudo subordinam.

A desinformação tem como objectivo influenciar a opinião pública, difundindo mentiras que parecem verdades. Para os agentes da desinformação o ideal consiste em descobrir o jornalista de “boa-fé”, porque, por definição este é ingénuo, facilmente influenciável. Também se pode dar o caso de ser difundida uma “informação tendenciosa”: para tal, infiltra-se um jornal respeitado pelo público e toda a imprensa lhe seguirá as pisadas.

Contudo, além de não podermos subestimar o poder da influência da mídia na vida das pessoas, também não podemos ignorar a importância desta caso seja utilizada de forma mais ética e consciente. Quero dizer que o poder que os veículos de comunicação têm para mobilizar as pessoas é muito grande e pode ser usado para o bem ou para o mal.
Campanhas de doação de sangue, de vacinação, de incentivo à reciclagem, para economizar água, pela paz, para ajudar pessoas, e muitas outras, quando divulgadas e incentivadas pela mídia ganham proporções enormes e trazem resultados muito além do esperado.

Segundo Marilena Chauí : “A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, correctas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as ideias”.

Actualmente, a imagem penetra amplamente em todos os momentos de vida humana, fazendo com que o cidadão se torne um receptor constante da comunicação visual.

Como defendia o filósofo alemão Walter Benjamin, as imagens adquiriram um novo valor de uso: o "valor de exposição" ou de proximidade.

McCurry fez esse retracto imortal bem antes da disseminação da internet e do surgimento do smartphone. Agora, em um mundo anestesiado pela avalanche diária de imagens, conseguiriam ainda os olhos da menina nos dizer algo urgente sobre nós mesmos e sobre a ameaçada beleza do planeta que habitamos? Para mim, a resposta afirmativa é mais do que óbvia.

"A fotografia representa um papel importantíssimo no desenvolvimento da arte." - Gustave Le Gray


















"A fotografia representa um papel importantíssimo no desenvolvimento da arte." - Gustave Le Gray

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